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VÍDEO: trabalhadora de associação de recicladores pede conscientização da comunidade

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data-filename="retriever" style="width: 100%;">Foto: Gabriel Haesbaert (Diário)
Vera Carvalho, que atua há mais de 10 anos na Asmar, incentiva as colegas mais jovens a buscarem qualificação profissional

Trabalho, humildade, dificuldades e esperança se reúnem, de segunda a sexta-feira, no pavilhão que abriga a Associação dos Selecionadores de Material Reciclável (Asmar), no Bairro Nova Santa Marta. No local, 24 famílias conseguem se sustentar por meio da separação daquilo que para muita gente é lixo, mas que para as trabalhadoras (a maioria são mulheres) é matéria prima.


E essa ideia também é uma fonte de renda e ajuda no orçamento. Com uma jornada de 8h por dia, conforme uma das integrantes da associação, Vera Lúcia Carvalho, cada selecionadora recebe cerca de um salário mínimo por mês.

A Asmar recebe recicláveis de diversos tipos, com exceção de eletrônicos, lixo e isopor. Depois de passar pela triagem, tudo é colocado em fardos e vendido a um atravessador. Ainda conforme Vera, o grupo de trabalhadoras tem um espírito de parceria e auxílio mútuo:

- Como não tive estudo, estou sempre aconselhando as meninas que começam a trabalhar na Asmar. Minha intenção é incentivá-las a terem suas profissões e a alcançar um lugar no mercado. Foi com essa função que consegui criar meus filhos. Gosto do que faço. No entanto, as mais jovens devem buscar outras perspectivas profissionais.

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DISCRIMINAÇÃO
A selecionadora, que está na Asmar há mais de 10 anos, fala que, por lidarem com o que geralmente é rejeitado pelo restante da sociedade, as mulheres da associação sofrem discriminação. Porém, ela, rebate o preconceito com um posicionamento forte e claro sobre a importância da atividade de recicladora:

- Muitos nos discriminam porque mexemos com o que chamam de lixo. Nosso trabalho é muito importante. Tudo o que recolhemos e separamos poderia estar no Arroio Cadena nos esgotos. A comunidade deveria ajudar mais.

A Asmar tem dois caminhões próprios que circulam em diferentes bairros de Santa Maria, obedecendo a um roteiro, para pegar o material que será levado até o pavilhão. Vera explica que, se a população tivesse a cultura de separar o lixo orgânico do inorgânico, a seleção seria mais fácil. Ela também gostaria que a associação tivesse mais apoio da prefeitura.

- Se a prefeitura nos desse estrutura para coletar mais lixo e trazer para o pavilhão, poderíamos ter dois turnos de trabalho. Tem gente precisando dessa ajuda e nós também necessitamos de mais mão de obra. Com apenas os dois caminhões, estamos no limite. O poder público poderia ajudar a pagar a nossa conta de luz ou água, por exemplo. Assim, com certeza,nos sobraria uma renda melhor - desabafa a recicladora.

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APOIO
Ao perceber as necessidades do grupo, a professora da Universidade Franciscana (UFN) Dirce Stein Backes, a irmã Dirce, abraçou a Asmar em 2010 e, desde então, passou a levar, para o local, atividades de ensino, pesquisa e extensão. Desta forma, ela busca despertar o protagonismo social dos estudantes e contribuir para melhorar as condições de trabalho das mulheres que integram a associação.

Entre as ações que a docente e os alunos da UFN promovem junto às trabalhadoras, estão oficinas de qualificação profissional, atividades de atenção à saúde e promoção de autoestima. Para Dirce, unir cursos de graduação às necessidades da Asmar traz retorno pessoal e profissional:

- Conheci uma das líderes da associação, a Ana Nara Bencher, que me convidou para apoiá-la. Auxiliando a Asmar, percebo que estamos comprometidos com o ser-humano, independentemente de profissão ou condição social.

data-filename="retriever" style="width: 100%;">Foto: arquivo pessoal
Irmã Dirce Backes (ao centro) é enfermeira e professora. Na UFN, ela reúne as integrantes da Asmar, que, junto a estudantes, participam de oficinas sociais e educativas

Irmã Dirce comenta que as ações funcionam conforme um programa semanal.

Mesmo com a parceria da UFN, Vera pede por melhores condições de trabalho. Para ela, isto também passa por uma maior conscientização da sociedade:

- Hoje, se fala muito em meio-ambiente, porém, tudo fica só em palavras. Com atitudes básicas, seja da comunidade ou do poder público, a situação poderia ser melhor para nós, trabalhadores da Asmar, e para Santa Maria, que teria mais matéria-prima reciclada.

Conforme a prefeitura de Santa Maria, a Asmar é a única associação licenciada para o recolhimento de resíduos recicláveis em Santa Maria. Recentemente, conforme o Executivo, o grupo também recebeu licença para coletar vidro.

Questionada sobre o apoio que presta à iniciativa, a prefeitura, por meio da Assessoria de Comunicação, afirma que "vem apoiando a Asmar por intermédio da cedência do espaço onde os associados exercem a seleção, proporcionando a participação em seminários sobre resíduos, colaborando nos mutirões de limpeza desse, além de buscar soluções para questões pontuais apresentadas pela presidência da entidade". Além disso, o Executivo diz que "a prefeitura, apesar de não ter programa específico para a associação, disponibiliza todo sistema de saúde municipal na eventual necessidade".

*Colaborou Rafael Favero

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